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Tudo passa, mas não passa.

  • Foto do escritor: Luiza de Paula
    Luiza de Paula
  • 9 de abr. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 17 de abr. de 2024

Talvez duas das grandes mentiras que já lhe contaram foram que: tudo passa e o tempo cura todas as coisas.


Damos uma topada no dedo e nos falam "calma, isso vai passar." E isto é verdade. É verdade, pois se trata de algo biológico, do nosso corpo, no qual o tempo tem uma ação visível de cura. No entanto, será que a mesma lógica vale para a existência? De que ordem é o tempo da existência? É somente cronológico? Então me explica, por que que eu sinto a dor do fim deste relacionamento, mesmo tendo se passado 4 anos? Por que eu sinto a morte desta pessoa como se tivesse sido ontem? Todos me falaram da fase do luto, que a fase do luto dura X tempo e mesmo assim sofro imensamente, como se tivesse a perdido ontem. Por que?


Porque o tempo da existência é do ponto de vista kairológico, é do aguardar pacientemente, sem apressar os acontecimentos. O tempo da existência não é linear, não é da ordem do Cronos (cronológico). Não é passou e está no passado, enterrado e nunca mais vai voltar. É passou e reverbera no presente, se as coisas simplesmente passassem, a vida não teria sentido. Se as coisas simplesmente passassem e não pudéssemos revisitá-la, a vida não faria sentido. Nada seria elaborado. Nada seria projetado. E que bom, que bom que podemos revisitar. Que ruim seria se não pudéssemos aprender com as coisas do passado, e que ruim seria se não pudéssemos errar novamente, não é? Viveríamos numa eterna cobrança de ser sempre uma melhor versão, como se isso fosse um imperativo. "Cheguei em um estágio X e não posso regredir, porque regredir é falhar e falhar é ruim." Quem te disse isso? Quem te disse que a vida são estágios? E porque a regressão seria necessariamente ruim?


O que a dor daquele término, que no tempo linear já faz tanto tempo, está querendo te dizer? O que esse relacionamento foi para você? Em que contexto você estava? E esse luto, esta perda desta pessoa querida, o que você está querendo relembrar, sentir, quando sofre por ela? Será que você não esta sofrendo uma nostalgia de que as coisas poderiam ter sido diferentes, mas não foram? Sofrendo com um "ah, mas se eu tivesse feito de tal forma..." "ah, mas se não tivesse sido assim, as coisas teriam sido diferentes".


Sim, o tempo tem um efeito de diluir as coisas, quanto mais o tempo cronológico passa, mais as sensações tendem a diluirem. Mas não necessariamente desaparecem. Viu que usei a palavra "tendem"? Pois não é uma regra. Não é uma cura. Diante disso, cabem os diversos questionamentos a partir das sensações, a partir da elaboração da tridimensionalidade do tempo, passado, presente e futuro.


Mas temos pressa, né?


 
 

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Luiza de Paula                                                                       CRP02/25963

Psicóloga Clinica                                                          luizadepaulapsi@gmail.com

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